terça-feira, 6 de novembro de 2018

[RESENHA] Outros jeitos de usar a boca - Rupi Kaur



       É um livro de poemas sobre a sobrevivência. Sobre a experiência de violência, o abuso, o amor, a perda e a feminilidade. O volume é dividido em quatro partes, e cada uma delas serve a um propósito diferente. Lida com um tipo diferente de dor. Cura uma mágoa diferente. Outros jeitos de usar a boca transporta o leitor por uma jornada pelos momentos mais amargos da vida e encontra uma maneira de tirar delicadeza deles. Publicado inicialmente de forma independente por Rupi Kaur, poeta, artista plástica e performer canadense nascida na Índia – e que também assina as ilustrações presentes neste volume –, o livro se tornou o maior fenômeno do gênero nos últimos anos nos Estados Unidos, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.

Editora Planeta| 204 páginas| 2017| Skoob| Classificação 4/5


Já leram poesias que impactam? Que te mostram uma realidade emocional que por mais que saibamos existir a negamos por considerável tempo? Uma leitura que sacode e mexe com você? Pois bem, Outros jeitos de usar a boca é isto! Sem mais é uma leitura que marca e penetra fundo no âmago de quem deseja refletir, um livro que abusa do poder subversivo por meio de olhar aguçado e crítico de uma sociedade que vive dos momentos efêmeros da nossa rotina, deixando passar os detalhes mais relevantes e de certa forma valorosos.

    Uma leitura rápida, poemas curtos e que dizem tanto ao passo que vamos lendo. Divisões estruturais progressivas que dão ao caminhar textual um tom de aproximação com o leitor, fazendo a leitura se tornar leve e de uma sensibilidade muito grande. 

     Ao entrar no mundo deste livro nos deparamos com sentimentos mistos, nos desvinculamos da rapidez do tempo para apreciar os detalhes da alma do eu lírico, um puro sentimentalismo: ora melancólico ora de puro fervor. Emociona e cativa com as palavras, tudo em suas poesias parece medido para alcançar a quem ler com o propósito de chamar a uma nova perspectiva, a de enxergar, não só olhar simplesmente, mas ver além do que está escrito e mostrar com profundeza a alma de alguém.




Aos meus leitores: espero que gostem desta resenha, 
apreciem o livro tanto quanto ou mais do que eu. Até a próxima!

quinta-feira, 12 de julho de 2018

[RESENHA] Sobre amor, morte e moscas - Mariana Lancellotti


Poesia de Mariana, declama segredos da poeta. Musos assumidos ao declarar que a vida nos inspira, subversiva em amar o instante letra.
   Rindo de si em frases curtas, cresce audaz.   Constrói teia de ironias históricas, bem-Dita trilha sonora paira nas letras da autora diversa em espelhos diferentes formatos, refletindo a comunicadora crítica, a apreciadora de poesia simples e precisa, a eufemista ácida dentro de quem se sabe, verdadeira recrutadora de suspiros.
 "Sobre amor, morte e moscas" é ação bem resolvida e relutância do próximo pulo ao precipício, importa viver inteiramente os sentidos, poesia ao livre verso-pensar. Abuso do escancaro trôpego.
   Autora que transforma a todos, como a lua que mingua seguidamente às suas cheias e se desfaz em prosa e verso e algumas melodias. 
                                                                                                                                      Por Cris Rangel

  Editora Algaroba| 112 páginas| 2018| Classificação 5/5

    Com um prefácio instigante e envolvente, que cativa o leitor a saber cada vez mais o teor dos poemas, promovendo aquela ansiedade de aguardar sempre uma surpresa dentro das páginas do livro. São poemas que vão fundo em nosso existencialismo, apesar de curtos, para indicar a brevidade do tempo penso eu, foi como um despertar para nossos sentimentos básicos em questão de minutos, pois em pouco tempo de leitura de apenas um poema você vai poder refletir sobre experiências semelhantes ou até a algum fato que te remete a tal situação. Este livro traz poemas de leveza e profundidade, poemas modernos, com linguagem acessível e que de certa forma mexem com você.
     Como um todo o livro é divido em doze partes. Parece muito não é? Mas são divisões curtas e que abrangem poemas na mesma linha de pensamento do título de cada parte, é muito dinâmico e não se torna cansativo ao ler. O teor de cada poema acaba por suscitar vestígios da própria autora, seu tom pessoal a um eu lírico (se assim posso chamar) incisivo e que se impõe como "peça" principal no meio, isto torna os poemas próximos a nós, pois é como se o leitor compreendesse e sentisse junto o que cada palavra diz. Um envolvimento completo!
    O pósfacil é outra parte bem interessante, que apesar de pensarmos já ter acabado todo o teor poético do poema, neste fim do livro encontramos mais uma parte poética, mas desta vez remetendo ao conteúdo do mesmo e dando outra visão dos poemas aos leitores. Tudo neste livro inspira as subjetividades da vida em geral, aspectos fugazes que nem sempre damos a devida atenção: por descuido ou simplesmente não querer refletir sobre. 



Mariana, obrigada pelo presente de receber este livro e saber que o brilhantismo veio de você, todo o sucesso para ti e como costuma dizer: "muita paz, amor e arte"! Espero que os leitores do Cacto gostem tanto do livro quanto eu. Até a próxima!
       


domingo, 8 de abril de 2018

[RESENHA] A incrível história secreta da língua portuguesa - Marco Neves



      Tudo isto fez parte da vida de quem falou portu­guês ao longo dos séculos, uma língua que come­çou a ser germinada na voz daqueles que, há quase 2000 anos, na Galécia, falavam um latim popular com sotaque celta. A história surpreendente da nossa língua, contada como um romance.
     Embarque na aventura da descoberta das raí­zes da língua portuguesa na companhia da família Contreiras e, entre factos reais e muita imagina­ção, conheça a nossa língua pela perspectiva de gente comum e de grandes escritores.
      Acompanhe uma celta e um romano aos beijos, um amigo de Afonso Henriques à procura de mou­ras encantadas, Gil Vicente a perseguir um homem perigoso pelas ruas de Lisboa, uma coleccionadora de livros a fugir numa carroça para Amesterdão, Camões ao murro por causa duma dama da corte e muitas outras aventuras de que é feita esta história da língua portuguesa, recheada de deliciosas sur­presas e um toque de humor.
Editora Guerra & Paz| 2017| 216 páginas| Classificação 5/5

     Um livro marcado pela cronologia da língua portuguesa, escrita por um português que está na área de línguas e soube colocar muito bem todas as formas e explicações possíveis sobre o tema!
     História romantizada desde a época em que ainda não haviam romanos nos territórios da Península Ibérica, contando como se deu a evolução desta língua tão rica e ainda pouco valorizada, é partir deste livro que conseguimos ter alguma dimensão de toda a mistura de diferentes sotaques, culturas e maneiras de se expressar para que chegasse ao que ela é hoje em dia para nós, e ainda assim não para de se transformar ao longo dos dias. Logo no início da narrativa mostra de forma lúdica como ocorreu a primeira junção das línguas para  que daí em diante cedesse espaço a tantas trocas de letras, sons ou mesmo a diminuição e acréscimo das palavras que constituíam o latim vulgar, como era denominado a mistura do falar pelo povo comum, diferente do latim clássico, utilizado para documentos e uso exclusivo dos nobres.
    Ao passar das páginas notamos que o tempo/espaço onde passa a história é baseado em fatos reais e históricos, dando ainda mais notoriedade ao que é contado, claro que há um pouco de anacronia, mas deve-se ao fato de se tratar de um romance ficcional, leva personagens marcantes em algumas esferas sociais e faz uma escolha de "encaixe" dos mesmos de uma maneira a causar convencimento, mesmo sendo apresentado fatos em épocas diferentes. A construção é bem feita a ponto do leitor não se dar conta, por vezes, que aquele acontecimento não poderia ser verdade, pois trata de momentos ora além daquele tempo, ora anteriores a eles, com isso quero dizer que a "costura" de construção da narrativa conseguiu com êxito mostrar uma construção coerente e de fácil entendimento.
   Durante toda a trama há uma série de histórias que se desenrolam com a evolução da língua, uma sequência de fatos e personagens marcando cada situação, contribuindo para um grande acontecimento apontado no início da história, mais que com diversos impasses só consegue ser desvendado ao fim do livro. É marcante, emocionante e cativante, prende o leitor de forma sem igual.
     

Agradeço a professora Roseane Nicolau por ter me apresentado este lindo exemplar, foi um dos romances mais emocionantes que já li. Espero que assim como eu, vocês possam se encantar com está incrível história.
Até a próxima!!!

sábado, 20 de janeiro de 2018

[RESENHA] Em algum lugar nas estrelas - Clare Vanderpool


        É um romance intenso sobre a difícil arte de crescer em um mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença. Pelo menos é desse jeito que as coisas têm acontecido para Jack Baker. A Segunda Guerra Mundial estava no fim, mas ele não tinha motivos para comemorar. Sua mãe morreu e seu pai... bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. Jack é então levado para um internato no Maine. O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a indiferença dos outros alunos: tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno. Até ele conhecer o enigmático Early Auden. Early, um nome que poderia ser traduzido como precoce, é uma descrição muito adequada para um prodígio como ele, que decifra casas decimais do número Pi como se lesse uma odisseia. Mas, por trás de sua genialidade, há uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo e de lidar com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor. Quando chegam as festas de fim de ano, a escola fica vazia. Todos os alunos voltam para casa, para celebrar com suas famílias. Todos, menos Jack e Early. Os dois aproveitam a solidão involuntária e partem em uma jornada ao encontro do lendário Urso Apalache. Nessa grande aventura, vão encontrar piratas, seres fantásticos e até, quem sabe, uma maneira de trazer os mortos de volta – ainda que talvez do que Jack mais precise seja aprender a deixá-los em paz.

DarkSide Books| 2016| Skoob| Amazon| 288 páginas| Classificação 5/5


       Um livro intenso, cheio de aventuras e com muitas dificuldades. Essas três palavras definem este livro, uma ficção que é estruturada a partir de fatos irreais, mas que de forma impressionante se aproximam da realidade de algumas pessoas, pessoas estas que têm dificuldades em se relacionar com outras, sejam adultos ou crianças. 
      Um volume que marca profundamente o leitor com todas as suas perspectivas expostas pelos dois personagens, a fé que Early mantém durante todos os obstáculos e apesar de toda a falta de apoio ou crença das outras pessoas sobre ele. A narrativa toda construída a partir de coordenadas geográficos, cada capítulo contendo uma constelação diferente, constituindo uma grande pista sobre os fatos que decorrem. Envolve ainda a capacidade intelectual do personagem para obter pistas do paradeiro do seu irmão, uma montanha-russa de sentimentos ao longo da grande aventura que nós aceitamos entrar a partir do momento em que começamos a ler.
       O trabalho da editora conta muito também, a preparação até chegar a história, é como um túnel do tempo que te leva diretamente ao ambiente em que se passam todos os fatos. Este livro é um enlace tão bem feito que fazer esta resenha é um desafio, pois você quer contar o que sentiu e "presenciou" ao passar das páginas, mas se fizer vai estar contando os detalhes e talvez faça outro leitor não ter interesse. Este não é o propósito, um livro como este, que trás lições de vida e de caráter, não devem ser deixados de lado. 
      Exemplar com final arrebatador e o desfecho mais empático que já li até hoje, realmente um aprendizado lê-lo, aprecia-lo e dedicar um tempo a histórias como estas. Definitivamente marcante!


Perfil do livro no Skoob:


Espero que a resenha tenha deixado uma leve curiosidade,
até a próxima aventura!








segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

[RESENHA] O livro dos ressignificados - João Doederlein (@akapoeta)


      Antes aprisionadas na formalidade dos dicionários, palavras como girassol, Deus, sonho, tatuagem, cafuné e muitas outras são libertadas por João Doederlein que assina com o pseudônimo Akapoeta neste seu primeiro livro. Elas são repensadas a partir das experiências pessoais do autor, de vinte anos, e de sua geração, mesclando romantismo bem resolvido, paixão, isolamento e um dia a dia que respira tecnologia e cultura pop. Combinando textos que se tornaram sucesso nas redes sociais com material inédito, o autor acha novos significados para os signos do zodíaco, para clichês indispensáveis como paixão e saudade e para as atualíssimas match e crush. Uma história de amor correspondido entre um jovem e sua musa a escrita.

Editora Paralela| 2017| Skoob| Amazon| 215 páginas| Classificação 5/5


       Primeiramente: eu sei que ando sumida por aqui, mas juro que não é por querer, sempre lembro do meu pequeno cacto e dos seus respectivos leitores, mais enfim, eu apareci e vou falar deste livro citado acima. Com ele eu literalmente vou quebrar as sequências dos livros que vinha resenhando (romance, aventura, ficção, etc.), mas, por outro lado, vai totalmente de acordo com um dos propósitos do blog, a poesia. Segundamente: vamos a resenha!

Neste volume sua divisão são em seis pequenas partes: o jardim, o zodíaco, o coração, a mente, a cidade e a história de nós dois, a partir destas divisões surgem os ressignificados. Por muitas vezes nos recorremos aos dicionários para conseguir compreender certas definições das palavras, e nem sempre nós conseguimos sanar nossas dúvidas com relação a isso (ou por não compreender o seu significado ou por nunca tê-lo usado daquela maneira). É justamente este o ponto que o poeta toca os seus leitores, ele dá novo sentido a algumas palavras, ele, sendo inverso ao dicionário, faz com que a pessoa que leia fale mentalmente: é exatamente isso! Não é uma definição estática, é algo fluido, que capta a essência do Ser e dos sentimentos.

A estrutura dos textos nos lembra os verbetes dos dicionários, menciona quando as significações pertencem a alguma classe de palavras e a partir daí descreve as palavras. Um livro forte, que emociona e consegue alcançar, por vezes, o fundo da sua alma. Este livro foi uma surpresa, ao passar das páginas você só quer que haja mais e mais palavras, é você pegar um livro e viajar para dentro do seu próprio íntimo, conceder a sua razão uma resposta concreta para todas as palavras abstratas.

Os signos também foram incluídos, neste ponto ao contrário do que estamos acostumados a ler, o escritor não aponta a parte negativa do seu zodíaco, e sempre vejo aquela dualidade de parte boa e ruim, mas aqui não, percebi que a intenção é mostrar que apesar do lado não tão legal da sua "personalidade", ela também é feita pelas coisas boas, por suas virtudes. Na parte sobre a história de nós dois e o coração são aquelas palavras que acabam sendo bem usuais entre as pessoas ao passar dos dias, sejam elas casais ou não, o sentimentalismo aflora nesta parte, é impressionante como ele consegue escrever a essência dos sentimentos, isso até o fim do exemplar vai provocar sua mente sem dúvidas.


Link do livro no skoob: 
No título da resenha disponibilizei o nome pelo qual vocês podem encontra-lo no perfil do instagram.


Desejo uma ótima leitura e um 2018 incrível a todos vocês,
até a próxima resenha.
P.s.: tia, obrigada pelo presente!







terça-feira, 26 de setembro de 2017

[RESENHA] Contos D'Escárnio/Textos grotescos - Hilda Hilst


           Contos D'Escárnio/ Textos Grotescos é o oitavo livro o quarto de prosa de ficção que a Editora Globo põe no mercado para dar continuidade ao projeto de publicação das obras reunidas da escritora Hilda Hilst. Composto em tom de sátira, o livro traz todas as características que marcam a prosa hilstiana: o enredo não guarda qualquer linearidade, às vezes o texto é lírico, outras vezes confirma o grotesco do título, diversos gêneros (desde o teatro até o certame poético) vão se sobrepondo e as personagens alternam momentos de confessionalismo a outros de crítica radical. 
          O alvo de Hilda Hilst é o mercado de livros de pouca qualidade e a celebração do baixo nível que a autora enxerga na cultura brasileira. Ironicamente, afirma que pretende fazer também o seu "lixo". Por esse meio, ainda, a autora identifica que analogamente à festividade em torno do objeto literariamente medíocre está um país envolto em bandalheira e todo tipo de desorganização e permissividade. Crasso, o narrador de nome romano e comportamento chulo, descortina suas lembranças e as envolve em um novelo ao lado de outras micronarrativas. 
           O resultado é uma espécie de pequeno Decamerão em que, no caso, reinam a bandalheira, o mau gosto e o excessivamente medíocre. Com Contos d escárnio/ Textos grotescos, Hilda Hilst surge afiada para criticar, primeiramente, a literatura de baixíssimo nível e, por extensão, a situação de penúria do país que a produz ou comercia vultosamente.

Editora Globo| 2002| Skoob| 140 páginas| Classificação 5\5

        O livro trata justamente sobre tudo isso que foi citado na sinopse! 
     Sim caro leitor, Hilda tem um tom amargo e totalmente crítico sobre a sociedade brasileira. Segundo ela, nosso país é muito permissivo e bandalheiro, do qual qualquer pessoa ao menor conhecimento sobre a língua pode escrever um livro e tornar-se escritor. Cita a arte da pintura como um exemplo de valorização, mais ao mesmo tempo a diminuí utilizando como inspiração algo considerado como tabu (leiam e entenderão, não vou dar spoiler hahahaha), o narrador é um misto de curiosidade e decepção, é o retrato do homem (no sentido amplo, desrespeito a homens e mulheres) brasileiro pela visão de Hilda. 
      Algo que realmente me surpreendeu, e por vezes me deixou confusa, foi a estruturação do texto, pois ao longo de toda história encontrei vários tipos de estrutura, de gêneros diferentes - poema, peça, narrativa e etc.- achei o fato interessante, já havia lido livros que mudavam a estrutura, mas não por tantas.  
        A crítica que atinge diretamente a nossa cultura, é causada pela inconformidade a valorização de uma cultura do "todo mundo faz o que quer", é isso que a autora quer nos revelar, que talvez os nossos valores estejam mudando e nos não nos damos conta, está banalizando certas atitudes que deveriam ser acusatórias no meio social. A questão que ela colocou do "qualquer um pode fazer seu lixo e vender, então vou fazer o meu também", é apelando  para que exaltemos nossa língua materna e não nos deixemos tumultuar de banalidades. No início do livro, lembro bem que Crasso, o protagonista, diz achar lindo a escrita, gosta muito de ler, mas que a cada dia estão publicando "qualquer coisa, sobre qualquer tema", talvez de outro ponto de vista essa visão tenha se tornado restrita, pois ao longo do tempo a literatura contemporânea tende a mudar, é cíclico, muitas coisas mudam, inclusive a nossa própria língua. 
        Mais no geral, apesar das críticas, que na minha opinião só valorizam o livro, tem uma forma diferente de contar a vida cotidiana do personagem: suas aflições, desilusões, sofrimento, alegria, dor. É um livro que faz o leitor enxergar seu meio, permite fazer alusões, e muitas vezes temos que estar atentos a essas alfinetadas, pois elas estão subentendidas nas ações do personagem, ele leva aquela vida mansa, mais é assolado por muitas dúvidas e várias decisões que acarretaram sua trajetória. 

Link da obra no skoob - https://www.skoob.com.br/contos-descarnio--textos-grotescos-3648ed4625.html


Espero que Hilda tenha despertado curiosidade em vocês
assim como causou em mim. Leiam, é muito interessante
vale muito a pena. Espero que tenham gostado, 
até a próxima!!!

sábado, 3 de junho de 2017

[RESENHA] Angel - Natasha Lorensen


     Victor. Um criminoso na Inglaterra da segunda metade do século XIX.
   Henry. Um rapaz da alta sociedade que frequenta os salões da rainha.
   O destino, por uma grande brincadeira ou uma infeliz coincidência os une, tornando-os fieis amigos. Porém, Victor é preso e condenado à morte. Assim que desencarnada, devido aos crimes que cometeu, é enviado ao Sheol, onde conhecerá Ananda, um espírito atormentado por ter matado o próprio filho e Markus, um rapaz que esconde um segredo e que não parece se arrepender de seus terríveis erros.
   Victor é um homem atormentado por uma contradição: ele ama seu melhor amigo Henry, mas não aceita o fato de estar apaixonado por outro homem. Para compensar seus erros e livrar-se de seus preconceitos ele aceita uma missão sugerida por Azazel.
 Através dos olhos e vidas desses personagens, poderemos compreender ainda mais o universo espiritual dos mundos da Trilogia Através do Tempo, além de matar saudade de alguns de seus personagens principais. No final, é interessante descobrir que nada é aquilo que parece ser.

Clube dos autores| 2016| Skoob| 402 páginas| Classificação 5/5

 Um romance sem dúvida alguma, daqueles que nos fazem ter certa raiva dos personagens por não enxergarem um palmo a sua frente, neste caso, o seu futuro com o parceiro/parceira. Esta história é acometida por erros antigos, erros estes que magoaram toda uma existência do seu inalcançável amor, vidas passam-se, os séculos estão a todo vapor, e mesmo assim, por medo do que uma sociedade inteira irá pensar, deixa de viver toda a paixão. Esteriótipos? Claro que sim, afinal, se não fossem eles Victor teria sim se deixado envolver por Henry.
Como a trilogia Através do tempo, (tem resenha de todos os livros aqui no blog) esse spin off volta a nos mostrar todo aquele mundo superior sublime e encantador ao qual nos emocionamos. Neste exemplar a gente pode matar a saudade de vários personagens incríveis que "balançaram" nosso ser ao ler. Criaturas magníficas, que sempre estão dispostas a ajudar quando precisamos delas, o que falamos ser anjos, claro que um romance nem só de glórias e amores vive, por isso a gente vê novamente o mundo inferior, só que desta vez são partes que até então só conhecíamos por nome, nunca haviam sido mostradas fielmente como as outras zonas. 
Um fato importante: todos um dia se arrependem do mal que fizeram a outrem e isso é o fim do começo de uma jornada para o perdão. Acho que vocês não entenderam não é? Pois bem, vou explicar agora... Tendo em vista todo o olhar que temos sobre o inferno não imaginamos que seres corrompidos como aqueles possam arrepender-se do que fizeram, mas é justamente o contrário, por eles verem tudo aquilo e viverem em seu caos, seu arrependimento é no mínimo angustiante. Pense só: Heilel/Isaac era do mundo superior e após a revolta, por milênios fez o mal e se tornou rei do sheol - inferno - mas no livro Angel o olhar dele muda, na verdade começa a mudar a partir do último livro da trilogia, então por isso neste livro todo o mundo inferior é chacoalhado para atentar ao que precisa de socorro. 

"Só estou cansado. Isso não acontece com você? Sabe, há momentos em que fico em dúvida. Quero dizer, será que já não é hora de parar? Talvez seja o momento de admitir a derrota, pedir perdão e ajuda, e voltar para o Mundo Superior." (Pág. 364)

O enredo dessa história é sobre três personagens, na verdade quatro, eles estão aprisionados em uma zona de arrependimento do sheol, área na qual as pessoas estão bem próximas da salvação e "trabalham" suas auras para serem libertadas e enviadas a outra dimensão de cura. Dois desses personagens são homossexuais, só que um se bloqueia psicologicamente em não aceitar amar outro homem e o outro era um antigo amor de um demônio. Não vou entrar em detalhes apenas pelo fato de não dar spoiler, mas é incrível o desenrolar da trama, a forma como encontram a salvação. 

Eles estudam, meditam e repensam em tudo de mal que fizeram, encarnam para assim poderem crescer como ser espiritual e não deixar-se contaminar pela aura má dos seres inferiores. Essa vida material como é chamada no livro, serve como combustível para que eles não desistam de serem pessoas melhores, enfrentar provações é algo por qual todos passam e isso ensina como cada um sobrevive as barreiras impostas pela vida.

"Não tenho ideia de quanto tempo passa. Parece-me uma eternidade. Eu não quero ter que rever e sentir todas essas coisas." (Pág. 30)

Ao fim da história há uma conexão com um dos livros da trilogia mas algo bem superficial, não é necessário ler a trilogia para entender e gostar de Angel. É um livro de leitura simples e sem rodeios, ele ensina e assume uma "postura" de vilão algumas vezes por mostrar a verdade nos textos.
Enfim, Angel é um romance de ficção que me fez apaixonar por todas as aventuras ou desventuras que todos sofremos ao lê-lo, mas acho que era essa mesma a intenção da autora, promover reflexão aos seus leitores, a vida passa por um fio e não adiante de forma alguma fazer algo só para agradar as pessoas, vamos primeiro pensar na nossa consciência, como ela vai ficar, porque é a partir dela que toda a nossa vida reage, é por todos que amamos que vivemos felizes. 

Os livros físicos são vendidos pelos sites da AgBook e Clube dos autores, os livros digitais - ebook/kindle - são vendidos na Amazon. Aproveitem ainda para curtir a página da escritora no facebook, procurando por: Natasha Lorensen vocês vão achar bem fácil. 



Espero que gostem do livro assim como eu, vale muito a leitura. Obrigada mais uma vez Natasha, pela parceria e por sua escrita! 
Um abraço pessoal, até a próxima.